Há muitas maneiras de se inovar o estudo da história. A mais criativa, e perturbadora, é aquela que, através da regressão da memória, devassa os arquivos indeléveis da mente humana, resgatando informações inéditas e tazendo à luz revelações adormecidas nos arcanos do tempo. Seguindo um caminho paralelo, nesta sua nova obra, Herminio Miranda estuda três encarnações de um mesmo espírito (Hipácia / Giordano Bruno / Annie Besant), ao longo de mil e quinhentos anos de história. Uma pesquisa desse tipo exige sensibilidade e erudição, mas, sobretudo, um bisturi incisivo para aparar quaisquer deduções apressadas. Miranda saiu-se admiravelmente bem da tarefa, como o leitor irá comprovar. Na verdade, são impressionantes as semelhanças de destino e a identidade de personalidade entre as três figuras, descontadas as mudanças inexoráveis, decorrentes do aperfeiçoamento individual. Mas em todas persiste o mesmo arrojo para desmascarar as verdades convencionais. Filósofa néo-pitagórica, iniciada nos oráculos caldaicos e nos segredos da teurgia, Hipácia opôs-se corajosamente à destruição dos mistérios iniciáticos. Acabou morrendo esquartejada e queimada em Alexandria, no ano 415. Mil e cem anos depois com a mesma garra, ela renascia na Itália, na figura indômita de Giordano Bruno. Uma nova morte violenta, na fogueira, a mando da inquisição. Hipácia / Bruno iria reencarnar em 1847, na Inglaterra, naquele que seria uma das mulheres mais destemidas e marcantes do século: Annie Besant. Partindo deste ponto, levantando dados, comprovando asserções, Herminio Miranda escreveu um livro apaixonante para os que amam as grandes aventuras do espírito, através de caminhos não-convencionais.